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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Memórias – A Pedra da Praia

Nota* Na última aula de teatro, o professor pediu para que todos nós, nos próximos dias, achassem algo, que de alguma forma tivesse nos chamados ( como por encanto ), qualquer tipo de coisa, uma pedra, um galho, cada um deveria ser chamado por este objeto. Logo eu já perguntei se eu não poderia levar uma pedra, só que eu já tinha achado essa pedra há muito tempo. E é dessa pedra a história de hoje. PS: Ele deixou.
Pedra Nordestina.jpg

Eu, minha mãe e meu padrasto, tínhamos ido visitar a casa da tia de minha mãe, ela mora em uma cidade beira-mar. Na época era uma linda cidade de pescadores, mas é provável que não seja mais, pois agora tem muitos turistas indo para lá, pois ela também fica perto de praias famosas, como a Praia da Pedra-furada.

Me lembro de que nem era necessário comprar peixes para comer, a não ser que você quisesse um peixe específico, pois toda manhã era feio o arrastão 1, e como ele era apenas para pegar camarão fresco, todos os peixes que vinham junto não eram recolhidos e ficavam a disposição de quem se agradasse deles. Muitas vezes os peixes deixados na praia eram sardinhas.

Nessa estadia em que ficamos na casa da “Tia Sônia”, minha mãe quis ir para a Praia da Pedra-furada a pé, a tia sonha advertiu falando que era duas léguas e meia 2, mas minha mãe como é cabeça dura e jurava que uma légua é igual a dois quilômetros, nós três fomos caminhando.

Nós saímos bem cedo, e passamos a manhã caminhando, e parecia que nunca iríamos chegar, quando finalmente nós estávamos próximos, algo por volta de 50 metros, ninguém aguentava mais andar, e ficamos por lá mesmo. Enquanto minha mãe e meu padrasto banhavam eu fiquei olhando a água vibrar, e como se alguém estivesse me chamando eu fui aproximando de uma rocha bem grande, mas o que me chamou a atenção foi uma pedra, a pedra da imagem, ela estava meio escondida pela areia, mas eu a desenterrei e a segurei, era como se eu estivesse ligado a ela, sua beleza era diferente das outras pedras, mesmo ela sendo tão parecida.

Eu estava decidido, levaria para casa, mesmo ela sendo pesada daquele jeito. Para se ter uma ideia ela tem mais de trinta centímetros de comprimento, e realmente pesa muito, mas mesmo eu sendo pequeno, tinha por volta de dez a onze anos, eu não iria largá-la.

Primeiro minha mãe tentou me convencer de deixar a pedra, dizendo para que levá-la, não teria como levar para casa da avó, que morava muito longe, mas como eu fui inflexível, ela conseguiu uma carona para mim, e eu levei a pedra para a casa da tia.

Realmente a casa da avó era muito longe, na época era no Acarape, mas eu levei-a do Preá até lá. A pedra esta comigo até hoje. Ela já andou muitos lugares, como o Pará, Tocantins, Ceará sua terra natal...

Não me arrependo de tê-la pego, afinal, é como se estivéssemos conectados.



1 - Uma pesca, onde duas pessoas pegam uma rede de pesca, uma em cada ponta e entram no mar, caminham um pouco e voltam, trazendo os peixes.)
2 - Cerca de 12,6 Km.

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